MAS NÃO VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE

Era uma vez, numa pequena aldeia atlântica, um Presidente da Junta chamado Emídio Santana Lopes. Quando subiu ao poder, colocou os amiguinhos todos nos cargos mais importantes e melhor remunerados. Depressa os seus protegidos ocuparam os postos de Chefe da Adega, Alto Comissário do Lagar, Representante Máximo da Ordenha, Presidente dos Assuntos Eclesiásticos e Ministro das Pastagens Internas. Não interessava se eram competentes, eram amigos dele e ele não ia deixá-los mal. Por tanto ajudar os amigos, Emídio distraíu-se com os habitantes da Aldeia, e com as suas necessidades reais. Quando se apercebeu disso, já era tarde de mais. Tinham sido convocadas eleições antecipadas, e nem os amigos lhe valeram. Na aldeia, nunca mais olharam para ele da mesma maneira, porque a população é simples, humilde e pacata, mas que não os façam passar por parvos! Aí, vai haver problemas...

Um ano mais tarde, o novo Presidente da Junta, o Fernando Sócrates, colocou os seus amigos em algumas entidades sem importância:

- GALP (Bomba de Gasóleo Agrícola),

- Caixa Geral de Depósitos (onde todos os habitantes depositam o seu azeite),

- Águas de Portugal (organismo criado para gerir a torneira da bica que estava sempre aberta e o Arnaldo não tinha pressão suficiente para regar a horta),

- TAP (a carreira das 7 para Lisboa),

- RTP (organismo que gere a antena e a televisão do café para a ver a bola depois da missa),

- PT (que trata do telefone da mercearia, o único da aldeia)

- Tribunal de Contas (é só o organismo que fiscaliza as contas do Fernando).

Assim, ficou provado que o Fernando Sócrates consegue distinguir competência, amizade e cor política, o que trouxe uma lufada de ar fresco à aldeia, além de restabelecer o orgulho ferido dos habitantes.