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Memorial do Sarmento: novembro 2005

quinta-feira, novembro 24

HELSINKI ÀS 4 DA NOITE

segunda-feira, novembro 21

MEIA HORA DE CÓRDOBA




CÓRDOBA (PORMENORES)

A AgriculTuna depois da actuação. Não eram tantos como nos ensaios, mas deu para encher a fotografia.

O Sarmento a matar saudades do contrabaixo.

O grande fadista Miau (cognome "A Voz") e os músicos que o acompanham.

A média para tirar um curso em Espanha é bastante superior à de Portugal.

O jantar: aquela coisa com um bocadinho de aquilo verde, batatas fritas frias, aquela outra coisa branca e outra que ninguém sabe o que era.
Será o Kaiuma? Será o João? Não, é o Dr. Vasco Leitão!!

"Ainda me lembro quando era um granda crápula... Agora tenho frases novas no repertório, mas ninguém para praticar... E se... Não não, eu já não sou assim... mas não ia fazer nada, era só praticar...Não não, eu consigo... mas qual é o problema?... É só mais esta vez, depois páro, juro.... Só uma última vez..."

Conexão Lagos-Amarante

domingo, novembro 20

A família Loureiro.

"Tens a barba mal feita... não 'tá tão mau como a minha voz, mas mesmo assim..."

"Ó sócio 'tás a olhar pa quê? Vê-lá se ficas sem a máquina, já catei pessoal lá no bairro por bem menos..."

domingo, novembro 13

A VIAGEM OU AS 109 HORAS DO SARMENTO

Quinta-feira, 3 de Novembro:
6:00 - Sarmento acorda, com três horas de sono. É o dia da viagem. O nervosismo cresce, a ansiedade toma conta dos gestos nervosos e a mente está lá longe, longe do céu cinzento e do frio constante. Em pensamento, já chegou a Córdoba, cidade do sul espanhol que será palco de um pique de carreira da sua tuna, a AgriculTuna. É a primeira actuação em Espanha. É a primeria actuação na Europa. É a primeira vez que Sarmento vai voltar a pisar um placo em 6 meses. É a primeira vez que vai voltar a ver os amigos, depois de 6 meses. É a última vez que se despede da tuna e dos amigos, depois de 10 meses. E é em Córdoba que a mente do Sarmento se encontra, 4 mil kilómetros à frente.
8:00 - Chegada ao aeroporto
8:01 - Sarmento dirige-se ao check-in da Air France. Entrega o B.I., o código da reserva e sente, pela cara da senhora que o atende, que algo vai mal.
8:05 - Lá fora, ao frio, debaixo do céu cinzento que esconde o sol forte da manhã, Sarmento fuma um desiludido cigarro, devido a mal-entendido, a uma falta de comunicação. A agência de turismo tinha alterado a hora do vôo, e Sarmento tinha perdido o avião para Sevilla.
8:10 - Regresso cabisbaixo a casa.
8:50 - Mal-entendido resolvido: "Mas já não há aviões para Sevilla este fim-de-semana. Nada a fazer, sentimos muito."
9.00 - Sarmento cai na cama e dorme, para não entrar em desespero. Porque um mês de expectativas não se apagam numa hora. Demora.
13:00 - Acorda e vê-se na mesma cama, no mesmo quarto, no mesmo país. Pensou: "Tenho que ir, tem que ser."
15:00 - Uma agência em Helsinki tinha um bilhete para Sevilla. À mesma hora, no mesmo avião, no dia a seguir.
15:01 -Sarmento salta de alegria em cima da cama. Quase cai.
Sexta-feira, 4 de Novembro.
7:00 - Sarmento acorda, com três horas de sono. Agora, só acredita que vai quando lá estiver.
9:00 - Sarmento embarca com destino a França. Chegada prevista às 12:00 locais. Em Paris, tem que mudar de aeroporto, o check in acaba às 13:55. Duas horas para lá chegar e fazer o check in, tranqüilo.
12:10 - O avião aterra em solo francês.
12:20 - As portas do avião abrem-se.
12:25 - Sarmento consegue sair do avião e dirige-se para o autocarro que o levará até ao terminal.
12:30 - O condutor do autocarro tenta fechar as portas, sem conseguir.
12:35 - O condutor do autocarro tenta fechar as portas, sem conseguir.
12:40 - O condutor do autocarro tenta fechar as portas. Desiste e arranca.
12:45 - Saída do autocarro e entrada no terminal. As escadas-rolantes não funcionam.
12:55 - Chegada das malas.
13:00 - Chegada do autocarro que levará o Sarmento até ao próximo aeroporto. Duração da viagem: uma hora, se tudo correr bem.
13:30 - Sarmento apercebe-se que não está a correr tudo bem.
14:15 - Chegada do autocarro ao aeroporto.
14:16 - Chegada ao check in. Fechado.
14:17 - Sarmento mentaliza-se que tinha perdido o avião.
14:25 - Conversa irritante com operários arrogantes da Air France que não acreditam no arfejante Sarmento. "Euhh le bus qui ferme pas les portes... euhhh.... le bus qui arrive en retard... euhh... alors lá euhh.... c'est beaucoup de choses qui marchent pas monsieur...."
14:26 - Sarmento explode e quase que é mal-educado com a senhora arrogante.
14:27 - Sarmento consegue uma reserva para Sevilla. Mas para o dia a seguir, à mesma hora.
14:30 - Comunica à Tuna, expôe o seu problema e procura alternativas. A Tuna que nunca o deixou mal voltou a não falhar. "Vai até Málaga, nós vamos lá buscar-te."
14:35 - Troca do bilhete. 20 minutos de irritante arrogância depois, está tudo tratado.
19:20 - O avião para Malága chega 20 minutos atrasado.
19:40 - Embarca com destino a Malága.
22:05 - Chega a Malága.
00:00 - Chega a Córdoba (Obrigado Vítor, como vês foste recompensado com o melhor que Espanha tem para oferecer)
Domingo, 6 de Novembro
16:00 - Sevilla. A AgriculTuna deixa o Sarmento no aeroporto. A despedida é rápida para evitar sentimentalismos. Espera-o uma espera de 18 horas.
16:10 - A AgriculTuna segue viagem para Lisboa.
16:15 - Início da visita ao aeroporto de Sevilla.
16:20 - Fim da visita ao aeroporto de Sevilla.
16:25 - 00:00: Tempo morto.
Segunda, 7 de Novembro
00:30 - Sarmento procura a melhor posição para dormir nos bancos do aeroporto.
00:45 - Sarmento encontra a melhor posição para dormir nos bancos do aeroporto.
00:46 - É abordado por um segurança: "Cavallero, el aeroporto se cierra de la 1 hasta las 6."
00:47 - Sarmento recita alguns palavrões para consigo, enquanto pega nas malas e se desloca para o exterior do aeroporto.
01:30 - Tenta adormecer no chão frio debaixo da noite fria do Sul Espanhol. Diz bastantes palavrões.
03:45 - Consegue adormecer no chão frio debaixo da noite fria do Sul Espanhol e pára de dizer palavrões.
05:30 - Sarmento acorda. Não consegue dizer palavrões porque o frio é demasiado grande.
06:00 - Entra no aeroporto e dirige-se aos bancos, onde adormece imediatamente.
09:00 - Check in.
20:00 - Já em solo Finlandês, em casa, Sarmento abre a porta do quarto. Deita-se e adormece.
Número de horas decorridas desde a primeira ida ao aeroporto: 109 horas.
Número de horas efectivas em que esteve com a AgriculTuna: 50 horas
Aproveitamento real do tempo: 46%

A ESTADIA

sábado, novembro 12

O FESTIVAL (À AGRICULTUNA)

Um festival, 7 tunas a concurso. Entre elas, uma tuna portuguesa. Grande Tuna. Enorme responsabilidade.
Há várias maneiras de descrever a passagem da AgriculTuna por terras de Córdoba:
- Gastronómicamente: "Até os comeram."
- Históricamente: "Em 1147. D. Afonso Henriques conquista Lisboa. Em 2005, AgriculTuna conquista Córdoba. É a expansão do Condado Agricultunense."
- Meteorológicamente: "Mais desvastador que Katrina, o furacão AgriculTuna arrasa Córdoba."
- Matemáticamente: "2 corações partidos em 4 dias, dá uma média de 0,5 corações partidos por dia."
- Botânicamente: "Há dois anos, a AgriculTuna, tuna do Oeste Agronómico, tinha um sonho: ganhar um prémio num festival. Não interessava qual o prémio, qualquer prémio bastava. Ou pelo menos não ficar sempre em último. Mas não era por isso que deixavam de se divertir, tocar e cantar de alma e coração, umas vezes por profissionalismo, outras vezes por simples amor à camisola.
Certo dia, apereceberam-se que o sucesso é uma como uma planta. Se não se regar com trabalho não nasce, e se não estiver exposta à dedicação não cresce. Então começaram a regar cada vez mais, a trabalhar o solo e a escolher os melhores nutrientes para o rebento de AgriculTunus spp (Sarmento, 2005). A planta começou então a crescer a olhos vistos e tornou-se um espécimen exemplar. Outros botânicos de renome, que sempre pensaram que esta espécie estava condenada à extinção, reconheceram finalmente o seu valor, e apoiaram a sua propagação in e ex situ."
Quando não se tem planta para regar, é mais divertido. Quando a planta nasce, é demasiado frágil. Quando a planta cresce, é motivo de orgulho. Quando a planta se desenvolve e é reconhecida aos olhos dos outros, chega a responsabilidade de a manter forte e vigorosa, nobre e frondosa.
Do mesmo modo, a AgriculTuna é uma planta que todos ajudámos a plantar, regar, alimentar e manter. Porque a vimos quando ainda era só um rebento, sabemos o que passou para chegar ao estado adulto, e neste contexto a nossa planta é sem duvida a melhor e a mais altiva. Mas em Córdoba, apercebi-me que se calhar esta espécie, a muy nobre e ilustre Agricultunus spp, não é uma simples herbácea. O mais provável é ser uma pequena árvore que começou agora a crescer. Que outra explicação pode haver, se só três prémios não chegaram para a satisfazer?

quinta-feira, novembro 10

É SER MAIS ALTO

O Sarmento tem um novo trabalho: está a dar explicações de português a uma finlandesa, em troca de explicações em finlandês. Ela estuda finlandês e português na universidade, e gostava de ir estudar para o Rio de Janeiro ou para Lisboa. À frente de um café, chocolate quente ou cerveja, falam da Finlândia, mas também de Portugal. Em português, inglês, francês e finlandês.
É bom saber que a cultura portuguesa é tão difundida e divulgada, e que há muito mais pessoas interessadas nela do que se pensava. É agradável ouvir uma finlandesa a falar português, é bom ouvi-la dizer que na semana passada leu "Eissa de Queirôge" e ouviu Trovante a cantar "Ser poeta é ser mais alto", de Florbela Espanca. Porque há quem tenha sistemas de saúde e educação perfeitos, há quem ganhe 5 vezes mais, há quem nunca tenha de esperar pelo autocarro ou pelo comboio, há quem não conheça a palavra "corrupção", há quem respeite as leis, há quem seja mais civilizado e menos vaidoso, mais trabalhador e menos orgulhoso. Há. Mas ouvir falar português e discutir a cultura portuguesa, na outra ponta da Europa, aquece e faz esquecer. Dá saúde e faz crescer.

ERA UMA VEZ (ISRAEL)

Uma finlandesa, de mãe palestiniana, nasceu e viveu até aos 17 anos na Palestina. Fazia parte do seu dia-a-dia ter a casa ocupada por tropas israelitas, que se posicionavam estratégicamente no segundo andar para abrir fogo sobre as milícias palestinianas. Tem 22 anos e a sua vida é um livro com demasiadas páginas de guerra, discriminação e racismo. E, apesar de tudo, não deseja mal a ninguém.
Um dia, em Londres, participou numa manifestação a favor da Paz entre Israel e o seu país natal. Meses mais tarde, quis ir à Palestina visitar a família, e para isso teve que passar por Israel, por ser o caminho mais rápido para lá chegar. Mal entrou no país, foi imediatamente identificada e interrogada. Tinham-lhe tirado a fotografia na manifestação e era considerada como um perigo para a nação israelita.

BOLETIM INFORMATIVO (SUOMIN HOOD)

Na Finlândia, o sistema social é quase perfeito. Na rua, não se vêm diferenças entre classes sociais, porque a lei estabelece que o fosso entre o salário mínimo e o máximo deve ser o mais baixo possível. Quem ganha pouco paga pouco, e quem ganha muito paga mais de 30% de impostos. Ou seja, se o administrador da Nokia ganhar 10000 € por mês, paga ao estado cerca de 3000. Se um médico for apanhado a conduzir a mais de 50 km/h na cidade, paga uma multa de 1000 euros, enquanto que um empregado de mesa paga só 400.
Aqui ficam alguns exemplos de onde esse dinheiro é empregue:
- O subsídio de desemprego é atribuído por tempo ilimitado;
- O sistema de saúde é totalmente grátis;
- Sempre que uma mulher vai ter um filho, o Estado manda-lhe, para além de uma bolsa choruda, um kit bébé, que inclui, entre outros, fraldas, chupetas, livros sobre crianças, preservativos, um berço e um carrinho de bébé.
- A educação é grátis e não reembolsável, desde a creche até ao secundário. Tirar um curso superior é também grátis, e cada estudante tem ainda uma bolsa de cerca de 400 euros por mês para sobreviver.

No entanto, nem tudo é perfeito. Há pessoas a dormir na rua, uma minoria que infelizmente existe. Existem centros de abrigo para essas pessoas, mas às vezes não há lugar para todos. E no Inverno as temperaturas atingem os -25ºC, o que pode constituir um problema para quem dorme ao relento. Há mesmo pessoas a cometer crimes só para irem passar uma noite à prisão e fugir ao frio.
Na Finlândia, a liberdade não tem preço, tem temperatura mínima.